Há algum tempo foi a “Editorial Verbo” adquirida por Paulo Teixeira Pinto e, correspondentemente, inserida num grupo editorial mais alargado, a “Babel”.
Era-me profundamente indiferente à partida esta compra, talvez devidos a certas tendências liberais da minha parte, desde que não afectassem a boa história editorial daquela casa.
No entanto, esta compra, logo na altura teve algumas notícias preocupantes.
Uma foi o desígnio, proclamado pelo próprio senhorio, de que a edição de novos títulos iria ser coordenada com as restantes chancelas da casa mãe. Este desiderato implicaria que existiriam certos critérios que iriam emanar na direcção de modo a limitar a liberdade editorial que se tinha sentido até então naquela casa.
Não se conclua daqui que sempre fui um leitor compulsivo de todas as obras com a chancela da “Verbo”. Os títulos de gastronomia deixavam-me impassível (quanto à comezaina tenho uma postura muito mais prática do que teórica) e quanto aos infantis por, vicissitudes cronológicas, muito lamentadas, já não tenho o devido apetite.
No entanto houve uma mudança quase imediata que me deixou insatisfeito.
A “Verbo” deixou de publicar, como tinha sido seu apanágio até então, o suplemento anual à sua Enciclopédia, surpreendentemente nomeado… “Annualia”…
Ok, o título não era inventivo, mas também não tinha que o ser. Mais, numa publicação ortodoxa a sobriedade será sempre um valor a procurar.
Mas, para lá disso, e para mim pior, a “Verbo” interrompeu a tradução da “Enciclopédia Interdisciplinar de Ciência e Fé”, deixando uma publicação inteiramente manca em que dos 3 volumes que constituem a dita enciclopédia apenas o primeiro foi de facto lançado.
Ora, isto representa não só uma manifestação de uma certa inabilidade como também de um tremendo desrespeito por aqueles que, como eu, compraram o 1º volume aguardando a publicação dos restantes.
Aqui fica, então, a chamada de atenção para os responsáveis de tal grupo editorial para a correcção desta situação.
De pouco importa a acumular de bens em mera quantidade se eles se tornam improdutivos…
Neste caso, de pouco importa a compra de mais e mais marcas se fazemos com que as editoras adquiridas caiam num marasmo que leve a que percam a qualidade que possuíam no primeiro lugar...
De Errol Harris “Cosmos e Anthropos”
e “Cosmos e Theos”.
Harris elabora uma reflexão filosófica, nestes dois livros, sobre o Princípio Antrópico.
“O Homem no Universo”, de João Lopes Barbosa.
O autor procura traçar um quadro das consequências éticas do Princípio Antrópico.
“Deus e o Big Bang”, de Daniel C. Matt. Neste caso o autor debruça-se sobre as relações entre a ciência moderna e o Judaísmo Místico Platonizado, a Cabala.
“Para Além do Big Bang”, de Willem Drees. O autor discute extensamente as relações entre a ciência e a religião, a partir de numerosos autores como Dyson ou Tipler, cuja tese é longamente apresentada.
(cont.)
“A Mente Virtual”, Roger Penrose.
A tese principal que norteia o livro será, segundo o próprio Penrose, a tentativa de refutação da concepção IA forte. Não obstante, isso é pouco importante, sendo que o espaço a ela dedicado reduz-se a algumas páginas no início e mais algumas no final. Este livro é uma apresentação da física moderna difícil de ultrapassar na sua minúcia e profundidade. A tal ponto que dificilmente pode ser qualificado como um mero livro de divulgação. Para um leigo, como eu, está pejado de partes indigestíveis, mas o ponto aqui é que creio que demonstra o quanto a tese tipleriana é, em grande parte, ortodoxa. Aliás, podemos considerar que parte da heterodoxia de Tipler reside na sua total ortodoxia. Este aparente paradoxo pode ser explicado notando que certas teses que o consenso supõe somente temporárias e aproximações a uma teoria mais fundamental ainda por descobrir, são tidas por Tipler como absolutamente verdadeiras. Um exemplo será o “Modelo Padrão de Física de Partículas”.
Se o leitor se quiser aventurar ainda (?) mais nas profundezas da física moderna, leia “The Road to Reality”, também de Penrose. Sem tradução para português. Lembra-se que acima escrevo que “A Mente Virtual”era difícil de ultrapassar na apresentação técnica que faz da física moderna? Este livro realiza o feito.
Leia de Sebastião Formosinho e Oliveira Branco a série de 3 livros, composta por,
“O Brotar da Criação”. Na primeira parte Sebastião Formosinho apresenta, em profundidade, a Teoria do Ponto Ómega, que é sujeita a uma crítica minuciosa na segunda parte por Oliveira Branco.
“A Pergunta de Job”.
“O Deus que Não Temos”.
De Paul Davies, “Deus e a Nova Física”. Para o caso deve destacar os primeiros e os últimos capítulos. A primeira parte apresenta, na perspectiva de Davies, contribuições da Física para a elaboração dos argumentos tradicionais, casos do ontológico, cosmológico e físico-teleológico. A última parte concebe, nas palavras do próprio Davies, um “Deus Natural”, próximo do “Evolving God” tipleriano.
Também de Davies “The Mind of God”, em particular o 7º capítulo, “Why is the World the Way It Is”,
“O Jackpot Cósmico” e
“Superforça”.
(cont.)
O leitor deverá estar inquieto.
Pois, afinal, se leu os diferentes textos já presentes neste blog, terá notado uma certa repetição de alguns elementos.
Uma aclaração impõe-se!
Na sequência de posts que se seguirá tentarei elucidar quem é Frank Tipler e em que consiste a sua Teoria do Ponto Ómega.
Mas antes disso impõe-se uma aviso aos incautos.
A apresentação será feita numa perspectiva benfazeja.
O autor destas linhas não só não se opõe por princípio à teorização tipleriana, como sente uma considerável empatia pela conjectura. Digamos que se, num sentido rigoroso, a teoria for verdadeira, isso não só não será causa de angústia, como, pelo contrário, sentirei uma enorme tranquilidade.
Assim sendo, se o leitor pretende uma crítica negativa aconselho-o a partir para outras latitudes. Sendo que existem imensas. Inclusivamente pátrias. Ainda assim, algumas das sugestões de leitura que irei mencionar são recensões à obra tipleriana, algumas tremendamente cáusticas. Mas, creio, imprescindíveis.
Como disse acima, é dessa maneira que iniciarei esta série.
Com sugestões de leitura. Para uma compreensão, por si mesmo, e não por vias travessas, do pensamento de Tipler.
Para começar o meu caro amigo deverá ler, invariavelmente, os 3 livros de Tipler.
Todos os livros de Barrow a que deitar a
mão. Nomeadamente, em português,
(continua...)
Reparemos que quando Zod e restante quadrilha chega à Terra, depois da sua prisão ter sido destruída, também eles, de imediato adquirem os poderes típicos do Super-Homem. Sendo que a explicação que o próprio dá é justamente a interacção da fisiologia, vá lá, kriptoniana com a radiação de um "sol" amarelo.
Um comic absolutamente histórico, que, aliás, foi reeditado não há muito em Portugal pela "Devir", "O Regresso do Cavaleiro das Trevas", de Frank Miler, ilustra-o à saciedade.
Aí, o homem de aço desvia uns mísseis nucleares para um deserto onde explodem.
Ficando no cerne da explosão o Super-Homem começa a soçobrar, dado que os efeitos do rebentamento conseguiram bloquear a passagem da Luz solar. Apenas a presença de uma flôr impede que sucumba. De que maneira? Bem, no seu monólogo interior o Super-Homem comunica-nos que a sua mãe (a Terra, uma metáfora que acaba por ser relevante) consegue criar um reservatório de energia solar (refere-se à fotossíntese, digamos) que lhe permite sobreviver.
Uma outra dimensão da questão é o aspecto físico e as capacidades mentais de Clark Kent/Super-Homem. O nosso kriptoniano, apesar de nascido num planeta a anos-luz da Terra, numa outra espécie, tem um aspecto absolutamente humano. Aliás, numa outra narrativa histórica, "O que aconteceu ao Homem do Amanhã", de Alan Moore, o nosso herói, após perder os poderes, termina a sua vida vivendo com Lois Lane, com quem tem um filho. Num linguajar um tanto pretensioso, as diferenças genéticas entre um kriptoniano e uma terrestre não serão suficientes para evitar um filho em comum.
(cont.)
E porque não um texto cujo tema fundamental é a "cromice" mais evidente?
Pois bem, aqui vai ele...
Este texto vai versar sobre... a análise feita por Tarantino no "Kill Bill", pela boca de David Carradine, sobre a relação Clark Kent/Super-Homem.
Como qualquer "cromo" saberá, nessa passagem o que "Bill" nos comunica é uma leitura da situação única do Super-Homem no universo dos super-heróis.
Segundo este a sua identidade secreta na verdade será a sua genuína natureza e a faceta de Clark Kent um mero disfarce, resultante da análise que o Super-Homem, digamos, Kal-El, faz da humanidade... hesitante, fraco, ridícula.
Verdade seja dita esta exegese alastrou como um incêndio numa floresta portuguesa tornando-se practicamente canónica.
Enfim, menos para este vosso amigo, por razões que passareia explicar...
Antes de mais será preciso notar que a mitologia do Super-Homem não foi fixada logo desde o início.
Nos primeiros comics o Super-Homem não voava, tinha sido educado num orfanato, detinha os seus poderes desde criança que, aliás, eram característicos da sua espécie, retractada como estando milhares de anos mais evoluída. Esta fase é inclusivamente reflectida numa série de animação. Lá o nosso kriptoniano é retractado como correndo mais velozmente que uma locomotiva, como capaz de saltar sobre os edifícios mais altos e, naturalmente, detentor de uma força titânica.
Mas reparamos como esta imagem se transfigurou até se transformar na sua forma canónica e identificável.
O Super-Homem voa, a fonte dos seus poderes é o Sol, foi educado no Kansas por uma casal de lavradores, Jonathan e Martha Kent, vai descobrindo progressivamente os seus poderes durante a adolescência, em Smallville.
Reaparemos, aliás, como os seus próprio poderes são dependentes da sua condição de exilado de Kripton.
Os únicos vestígios que permanecem do seu planeta natal são-lhe mortais. Mais, são a única coisa que realmente o pode ferir.
Quando, num dos filmes, ele decide abrir mão dos seus poderes para ficar com Lois Lane, expõe-se à radiação de uma Gigante Vermelha, justamente o estádio em que se encontrava a estrela do sistema de Kripton (a própria causa da sua destruição).
(cont.)